O lado mau de ser mãe

De um modo geral estou bastante satisfeita com a minha vida. Preenche-me, estou relativamente concretizada e sinto-me feliz. Não fazemos viagens para o estrangeiro, não passamos fins de semana em hotéis, não vamos jantar fora, os nossos minutos são contados e sobra pouco para momentos a dois. Vivemos numa casa pequena e com poucos luxos, mas, muito embora por vezes deseje imenso mudar para uma casa maior, acreditando que me trará mais qualidade de vida, custa-me muito deixar esta minha pequena casinha, esta minha singela vida, com as minhas repetidas rotinas…

Enfim isto tudo para dizer que gosto da minha vida como está, não quero mudar nada, mas depois um dia o nosso filho acorda com mais de 38 de febre, a vomitar, prostrado e a pedir o nosso colo constantemente, e a nossa singela vida não nos dá a tranquilidade suficiente para simplesmente pegar-lhe ao colo, dar-lhe o mimo de que precisa, sem pressas, sem preocupações, sem ter que pensar na melhor forma de gerir as próximas horas/dias de modo a não descurar este amor mas também de modo a manter o emprego.

O lado mau de ser mãe é o facto de, infelizmente, ainda termos que pesar na mesma balança o amor e a atenção que damos aos nossos filhos e a dedicação ao nosso trabalho.

Então, vamos começar?

Desde há algum tempo que tenho vontade de ter um blog, um espaço pessoal, mas que ao mesmo tempo seja para o mundo (ou para quem se identificar, vá).

É verdade que devemos reservar a nossa privacidade. No entanto, tantas vezes penso “será só a mim que isto me acontece?”, “serei só eu que tenho esta vida de minutos contados?”. No meu meio de relacionamentos não há experiências de vida semelhantes à minha; leio blogs na expectativa de encontrar uma história que me tranquilize, que me faça pensar “fogo, afinal não sou a única!!” e muito dificilmente encontro.

Não me interpretem mal, não é que precise de encontrar uma história semelhante à minha para sentir que estou a fazer a coisa certa, mas às vezes sabe bem, não é? Encontrar alguém com quem nos identificamos, com quem possamos partilhar um momento que seja da nossa vida.

Como ainda não encontrei, acredito que há por aí outras pessoas com vidas tão banais como a minha que se resumem a casa-trabalho-casa, com tudo o que isso implica quando existe uma bebé de um ano e a vontade de não se ser só mãe e dona de casa, mas ser também mulher.

Por isso, vamos encontrar-nos por aqui? Espero que sim.